SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) afirmou nesta segunda-feira (8) que encontrou a última porção de material radioativo que havia sido furtado há uma semana na cidade de São Paulo. O pacote que continha germânio-68, substância usada em exames médicos estava intacto, segundo a entidade.
O material foi encontrado em um ferro-velho na avenida Bento Guelfi, no Jardim Iguatemi, na zona leste da cidade. O mesmo estabelecimento, segundo a CNEN, havia vendido parte da carga radioativa para uma loja de baterias em Itaquera, também na zona leste.
Essa parte da carga foi encontrada neste sábado (7), e três envolvidos, de 21, 25 e 53 anos, foram presos por porte de material nuclear e receptação. Outras duas embalagens haviam sido encontradas no dia anterior.
Após anunciar que a última porção da carga roubada havia sido encontrada, a CNEN informou que “encerra essa ocorrência no âmbito de sua competência”. “É importante ressaltar que não houve rompimento do material, dispersão ou contaminação”, completou.
Na madrugada do dia 1º, uma caminhonete que armazenava o material foi levada quando estava estacionada na rua Félix Bernadelli, que fica no bairro Iguatemi. O carro pertence a uma empresa de equipamentos médicos, que havia coletado os produtos no Rio de Janeiro, segundo a Polícia Civil.
Segundo o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Cnen, Alessandro Facure, o furto ocorreu após uma quebra de protocolo de segurança por um motorista da empresa que transportava o material. O procedimento padrão é que todos os carros que transportam material radioativo sejam mantidos em local protegido e monitorado.
“Em vez de deixar o carro em local apropriado, constantemente monitorado, [o motorista] resolveu ir com o veículo até sua casa e, quando se deu conta, percebeu que o veículo havia sido então furtado”, disse Facure, na última sexta-feira.
A CNEN realizou uma operação para monitoramento de radiação no Jardim Iguatemi, na zona leste, onde foi encontrada a primeira embalagem com material radioativo. A comissão disse que não detectou risco de contaminação.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o CNEN informou que o IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria) está finalizando um relatório sobre as taxas de radiação do material em caso de manipulação e adiantou que o resultado não é preocupante.
PAÍS JÁ TEVE INCIDENTE QUE DEIXOU 4 MORTOS E CENTENAS DE CONTAMINADOS
O maior acidente radiológico do Brasil deixou quatro mortos, ao menos 16 pessoas com lesões corporais e mais de 200 contaminadas, em Goiânia (GO). Em setembro de 1987, dois catadores de papel encontraram uma cápsula de césio-137 m um terreno de propriedade do Instituto Goiano de Radiologia (IGR), sem saber que o material era radioativo.
A peça foi rompida a marretadas e vendida a um ferro velho. Só duas semanas depois se descobriu a natureza do material. Assim como o material que estava no veículo furtado nesta segunda-feira, a cápsula fazia parte de um aparelho de radioterapia.
No ano passado, duas fontes radioativas de césio-137 desapareceram em Minas Gerais. Elas foram encontradas cerca de dez dias depois numa empresa de sucatas em São Paulo.