A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, disse à CNN que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respeita os direitos sindicais, mas não é e nem será “coração mole” nas negociações com grevistas na administração federal.
“A gente se preocupa com os direitos sindicais, mas Lula não é coração mole com grevistas”, afirmou Dweck. Ela é a convidada desta edição do CNN Entrevistas, exibida neste fim de semana.
A ministra garantiu ainda que nenhuma categoria do funcionalismo público terá aumento em 2024 — apenas melhorias em benefícios e na reestruturação da carreira, como tem ocorrido até aqui.
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De acordo com ela, Lula tem ajudado a dar o recado de que, apesar de sua origem sindical, não há incentivo para que as greves continuem.
“Em uma das reuniões que tivemos com reitores, o presidente quis falar, e ele deu recado: ‘Eu acho que todos os sindicatos têm direito de fazer greve, nasci na greve, mas eu fazia greve 0% ou 100%, era tudo ou nada. Perdi muita coisa e tive que aprender que entre o zero e o cem tem muita coisa’. Ele falou aos sindicatos sobre entrar na greve, mas entender também o teto de negociação”.
Para os funcionários públicos, a mensagem da ministra da Gestão é que a média de aumento para 2025 ficará na casa dos 9%. “Fechamos com uma categoria grande, base do serviço público, em 9,5%, e com os técnicos 9% em janeiro de 2025, mais 5% em 2026. Além disso, estamos apostando na reestruturação dentro da carreira”, completa.
Negociações
No CNN Entrevistas, Dweck ainda justificou a mudança realizada durante este ano nas negociações com o funcionalismo público. Para a ministra, ao sair de uma negociação geral – que impunha um aumento igualitário para todas as categorias, como ocorreu em 2023 – e passar a negociar com carreiras individualmente, o governo do PT tornou os reajustes mais justos em 2024.
“Por que fazer as mesas específicas? Porque eu resolvo dentro das mesmas carreiras. Estamos olhando cada uma e vendo como melhorar, com base no que pedem e no que pode melhorar. Tem uma mesa nacional que define para todos, temos as mesas específicas temporárias e, dentro dos ministérios, mesas setoriais, que envolve salário”, argumenta a ministra.
Várias categorias da administração federal direta e indireta estão fazendo greves, paralisações temporárias ou operação-padrão. É o caso dos analistas do Ibama em diversas unidades da federação, com impacto sobre o ritmo de licenciamentos ambientais.
Na próxima quinta-feira (4), servidores de agências reguladoras prometem cruzar os braços por 24 horas. Algumas agências, como a Aneel (energia elétrica) e a ANP (petróleo e gás), chegaram a suspender reuniões de diretoria colegiada em junho em apoio aos movimentos que pedem valorização da carreira e recomposição orçamentária dos órgãos reguladores.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Lula não é “coração mole” com grevistas, diz ministra da Gestão à CNN no site CNN Brasil.