Manaus tem enfrentado um aumento significativo nos casos de Dengue, fator esse que tem gerado preocupação entre as autoridades de saúde e a população. O Boletim de Arboviroses divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) revelou que, até o dia 27 de janeiro, a capital amazonense registrou 809 casos da doença. O número representa um aumento de 1.738% em relação a janeiro do ano passado, quando Manaus contabilizou 44 casos de dengue em todo o mês.
Durante este mês de janeiro, o Boletim de Arboviroses mostrou que entre os dias 11 de fevereiro a 17 de fevereiro, na capital amazonense foram notificados 395 novos casos da doença. O estado tem três mortes pela doença em investigação, conforme o Ministério da Saúde. As mortes foram registradas nos municípios de Coari, Lábrea e Manaus.
De acordo com o infectologista Nelson Barbosa, o principal fator contribuinte para esse aumento tem sido a mudança climática ocasionada pelo “Inverno Amazônico”, devido a grande incidência de chuvas o que acaba acumulando água parada.
“O principal fator para o aumento da incidência de dengue aqui na nossa capital e no estado do Amazonas, é claro, é o nosso inverno Amazônico. Nesta época chove e acumula água em locais em que o Aedes aegypti procura se proliferar. Outro fator também muito importante é o cuidado com os resíduos, a população não consegue dar uma destinação adequada ao lixo por vários fatores,” explicou o infectologista.
O especialista ressalta que para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti em Manaus, é fundamental implementar medidas eficazes de controle, tais como campanhas educativas para conscientização da população sobre a importância da eliminação de criadouros do mosquito; fiscalização e limpeza de terrenos baldios e áreas públicas; além da aplicação estratégica de inseticidas.
“Bem, já está comprovado cientificamente, que o fumacê, ele não é o meio mais adequado para combater o Aedes aegypti. Quando o fumacê passa, primeiro, ele só mata os insetos adultos, ao perder o efeito, os mosquitos voltam para o local de origem “, pontuou.
Ainda de acordo com o infectologista, doenças transmitidas pelo Aedes aegypti – Dengue, Chikungunya e Zika – apresentam sintomas semelhantes, como febre, dor de cabeça e dores articulares. No entanto, cada uma possui complicações específicas: a zika pode causar microcefalia em recém-nascidos quando contraída durante a gravidez; a dengue pode evoluir para formas hemorrágicas graves; e a chikungunya pode resultar em dores articulares crônicas.
“A zika é comum, pelo menos quando se dá em grávida, o seu filho corre o risco de nascer com microcefalia. Essa é a complicação mais frequente do zika; A dengue, a complicação no quadro clínico mais comum é a dengue hemorrágica, que pode matar, o paciente desenvolve uma plaquetopenia e, aí, corre o risco de sangrar e morrer. Mas os outros sinais e sintomas, tipo febre, calor frio, dor articular, mialgia, dor retro ocular, cefaléia, é a mesma coisa. A diferença em si vai ser no diagnóstico sorológico, para dengue, zika e para chikungunya,” destacou.
Vacinas começam a ser distribuídas
A FVS-AM começou a distribuição de doses da vacina contra a dengue para as Secretarias Municipais de Saúde, desde da última quinta-feira (15). No total, o estado recebeu 78.760 doses e Manaus é a primeira cidade a fazer a retirada dos imunizantes.As doses foram recebidas pelo Amazonas no último sábado (10). Os imunizantes foram enviados pelo Ministério da Saúde, como estratégia complementar ao enfrentamento à doença. Nesta primeira etapa, serão vacinadas crianças de 10 e 11 anos. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
Veja quais os pontos de vacinação contra dengue em Manaus:
Nove unidades vão atender em horário ampliado, das 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, e das 8h às 12h, aos sábados. Confira quais são:
1 – Clínica da Família Carmen Nicolau, na Rua Nestor Nascimento, s/n, Lago Azul;
2 – UBS Áugias Gadelha, na Rua A, 15, Conjunto Ribeiro Júnior, no bairro Cidade Nova;
3 – UBS Sálvio Belota, na Rua das Samambaias, 786, no Santa Etelvina;
4 – USF dR. José Rayol dos Santos, na Avenida Constantino Nery, s/n, Chapada;
5 – UBS Amazonas Palhano, na Rua Antônio Mathias, s/n, São José;
6 – UBS Alfredo Campos, na Alameda Cosme Ferreira, s/n, no bairro Zumbi
7 – UBS Leonor Brilhante, na Avenida Autaz Mirim, 8004, no Tancredo Neves;
8 – UBS Leonor de Freitas, na Avenida Brasil, s/n, Compensa
9 – UBS Deodato M. Leão, na Avenida Presidente Dutra, s/n, no bairro Glória.
Prevenção à dengue
A mobilização comunitária desempenha um papel fundamental na prevenção e controle da dengue em Manaus. A população pode se unir em mutirões de limpeza para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti nos quintais e nas comunidades. Além disso, é essencial promover a educação sanitária e incentivar práticas sustentáveis para o descarte adequado do lixo. A estratégia mais eficaz de prevenção à dengue é evitar que o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, se reproduza. A eliminação de criadouros inclui evitar água parada em pneus velhos, vasos de plantas, garrafas vazias e recipientes plásticos.
Diante desse cenário preocupante, é fundamental que as autoridades locais atuem de forma efetiva na implementação de políticas públicas voltadas para o controle do mosquito transmissor e conscientização da população sobre as medidas preventivas. A Secretaria Municipal de Saúde tem orientado a população sobre os meios de prevenção, ressaltando a importância da eliminação de focos do mosquito transmissor, cuidados com armazenamento de água e uso de repelentes.
Diante desse cenário epidemiológico desafiador, as autoridades locais enfatizam a necessidade de ações imediatas para conter o avanço da Dengue em Manaus. A colaboração da comunidade, aliada a estratégias eficazes de controle e prevenção, torna-se essencial para enfrentar esse problema de saúde pública.