SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O cubano Alejandro Triana Prevez, preso pelo assassinato de Brent Sikkema, entrou na casa do galerista em dezembro de 2023 para tentar cometer o crime.
Em 11 de dezembro, Alejandro Prevez esteve no endereço de Brent Sikkema. Ele contou à polícia que não conseguiu entrar no quarto, onde estava o americano, porque a porta estava trancada.
Alejandro tirou uma foto na cozinha do imóvel para comprovar que esteve no local. Ele aparece sorrindo e fazendo um sinal de positivo. A imagem foi encontrada pela polícia no celular dele.
O cubano então liga para o ex-marido de Brent, Daniel Sikkema, apontado como mandante do crime. Alejandro pede instruções e é orientado a fazer algo para tirar Brent do quarto.
Alejandro contou à polícia que desligou o disjuntor geral da casa, mas que Brent não saiu do quarto. O cubano vai embora quando percebe que Brent está fazendo ligações pelo celular.
Ele também diz que foi avisado por Daniel que Brent estaria no Rio em dezembro. Um mês depois, Alejandro voltou à casa e conseguiu matar Brent a facadas.
No sábado, a Justiça decretou a prisão preventiva de Daniel Sikkema, apontado como autor intelectual do crime. O nome dele foi incluído na lista da Interpol. Ele mora nos Estados Unidos.
DEFESA DE EX-MARIDO NEGA CRIME
Ao UOL, a defesa de Daniel diz que as suspeitas de que ele teria sido o mandante do crime “não têm fundamentos legais”. A defesa é feita pelo escritório Fabiana Marques Advocacia e Consultoria.
Sobre o mandado de prisão preventiva, a defesa afirmou que Daniel ainda não foi convocado para oferecer nenhum esclarecimento à Justiça ou prestar depoimento. “A ausência de tal convocação sublinha uma preocupante falta de procedimento padrão, considerando a gravidade das acusações veiculadas”, afirmou o escritório.
A defesa alega que Daniel se prontificou a passar por um interrogatório por e-mail, e que não havia registro de contato direto entre o ex-marido do galerista e Alejandro Prevez, acusado de cometer o crime. Segundo a advogada Fabiana Marques, a estratégia do cubano em acusar Daniel de ser o mandante visa garantir uma “sentença mais branda”.
É imperativo destacar que, apesar da proximidade e do relacionamento tanto profissional quanto pessoal entre Brent Sikkema e quem lhe tirou a vida, não há fundamentos legais que justifiquem as suspeitas lançadas sobre o Sr. Sikkema. A conjectura de seu envolvimento nesse ato horrendo reflete, lamentavelmente, os preconceitos estruturais ainda persistentes em nossa sociedade, especialmente contra membros da comunidade LGBTQIA+
A natureza do crime, marcada por indícios de passionalidade, demanda uma investigação meticulosa e isenta, que considere todas as possíveis vertentes sem recorrer a estigmatizações prejudiciais.
Trecho da nota de defesa de Daniel Sikkema
BRENT CRITICOU EX-MARIDO ANTES DE SER MORTO
Brent disse que ex o impedia de conviver com o filho. Em mensagem a um amigo, o galerista explica que o tribunal dos EUA deu a custódia do filho ao cubano. As mensagens foram obtidas pelo Fantástico.
Ele afirmou concordar com a decisão judicial. Brent diz que não conseguiria dedicar tanto tempo ao filho, já que viajava o tempo todo e por ter 75 anos.
Brent acusou ex de impedir contato dele com o filho. Nas palavras do galerista, Daniel “fazia de tudo para impedir” o adolescente de vê-lo, mesmo com a decisão da justiça.
Uma reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o galerista e o ex-marido, que ficaram juntos por 15 anos, passavam por uma separação conturbada, com brigas por divórcio milionário e pelo filho. Na mensagem, o norte-americano ainda citou que essa situação é “cara e uma loucura” e que Daniel estaria interessado no “controle total”.