Ativista da causa negra no Amazonas há 20 anos e presidente do Instituto Nacional Afro Origem (INAÔ-AM), Christian Rocha, esteve em Brasília (DF) para liderar articulações para o combate ao racismo no Estado. A convite do presidente da Fundação Palmares, João Jorge, Christian Rocha se reuniu com o titular da pasta, que se comprometeu a ampliar a visibilidade dos afro-amazonenses.
Christian também se reuniu com o titular da secretaria nacional de Acesso à Justiça (uma pasta criada no Ministério da Justiça e Segurança Pública – MJSP), o advogado popular e auditor federal Marivaldo Pereira, que disse que pretende dialogar sobre parcerias com a prefeitura de Manaus para políticas públicas de combate ao racismo.
“Há muito tempo, o Amazonas não tinha, de certa forma, seu ativismo com mais aproximação dos grandes debates como antes. O objetivo da reunião não foi somente colocar o Amazonas nos debates nacionais, mas também mostrar sua força, sua voz e suas opiniões junto a Instituição e outros movimentos. Apresentamos a situação da população negra em Manaus, dos Quilombolas em todo o estado, a necessidade de projetos e políticas públicas voltadas para a população negra no Amazonas”, pontuou.
Complementou ainda: “Também apresentei a proposta da criação de uma Universidade Internacional que contemple o Amazonas como sede, pois nós, no Amazonas, somos o eixo importante da Amazônia Legal e da Amazônia internacional, então a criação de uma universidade Internacional voltada para toda a população da América Latina e, especialmente, para os afros, não somente seria uma conquista, como também um aquecimento para o turismo, um marco para o Brasil na educação e apresentação da História da África e suas riquezas para os afros bolivianos, colombianos, peruanos e de demais países”
O ativista também destacou a luta do movimento negro no Amazonas e colocou Manaus à disposição do Encontro de Negros do Norte e Nordeste. Durante agenda no Distrito Federal, Christian Rocha visitou a Embaixada do Canadá para apresentar a situação da população negra no Amazonas, além de programas sociais que são oferecidos pelo Canadá.
“João Jorge declarou que o objetivo é ouvir todos os seguimentos de negritude e o Amazonas sairá da invisibilidade e passará a ter mais espaço nos debates. Vivemos anos de retrocesso cultural e atrocidades raciais, João Jorge tem capacidade suficiente para avançar em anos de atraso. O presidente da Manauscult também oficializou o convite para o presidente da Fundação Palmares”, frisou.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Christian Rocha agradeceu especialmente ao prefeito de Manaus, David Almeida, por ter deixado as “portas abertas” para a realização evento e também a todos os ativistas da causa no Estado.
“A cultura negra vai voltar a respirar novos ares. A minha expectativa é que nós vamos transformar o Amazonas no centro de debates em relação as questões étnico-raciais. Só a minha ida e das reuniões em Brasília já demonstraram o potencial que a causa negra tem. Também apresentei e falei de várias lideranças daqui e a minha expectativa é a mais positiva. Fui muito bem tratado em Brasília e o Amazonas merece. Nós temos um atraso cultural muito grande e também retrocedemos muito nesses anos de governo Bolsonaro. Ao ponto de aqui ser, acredito eu, o único estado que trata a ‘morenisse’ como raça e que trata a consequência da mistura de raças como uma raça. É bem complicado e é um atraso na leitura da própria história”, finalizou.
Confira o vídeo: