Minha intenção não é por em check a vida espiritual de ninguém, muito menos a sua santidade. Também não quero promover a minha imagem como se fosse um santo, uma pessoa diferenciada, um São Francisco de Assis. Falo de uma experiência própria, de um fato concreto, da minha vida, dos meus tormentos, dos meus sentimentos.
Claro que assumo que estou ficando velho e frouxo e a cada dia sofro mais com a minha incapacidade de levar solução aos problemas tão recorrentes na nossa sociedade.
Tudo me abala, tudo me emociona, tudo me faz sofrer. Já não consigo assistir um jornal. Qualquer notícia mais trágica é motivo para sofrimento e me arranca lágrimas.
Como posso ser feliz com os nossos jovens sendo aliciados pelo tráfico, cada vez mais jovens? Como posso ser feliz num país onde a corrupção causa crise na segurança pública, provoca tragédia na saúde e promove a imbecilidade onde deveria promover a cultura?
Como posso ser feliz quando a vida está banalizada, onde já não se respeita as instituições, nem as autoridades constituídas? Como posso ser feliz com esta gigante desigualdade social, com o desemprego de doze milhões de pessoas e onde aumentou em 80% a taxa de suicídios entre os adolescentes?
Como posso ser feliz com uma igreja egoísta, cujo principal objetivo é fazer sucesso, é brilhar, é arrecadar e o que menos importa são as pessoas, as almas?
Como posso ser feliz se o movimento feminista tirou a mulher do trono de rainha e a trouxe para uma condição de bunda pensante, dos bailes funks?
Como posso ser feliz se alguns brasileiros são melhores do que outros, quando uns recebem auxilio moradia e outros são despejados e tem os seus barracos demolidos por quem deveria lhes dar uma moradia?
Se existe a tal felicidade, deve ser no País das Maravilhas, em Pasárgada ou ainda no Mundo maravilhoso de Gamball.
Enquanto isso, vou vivendo a minha vida sem amarguras e rancores e sem sentir a menor falta da felicidade.