Estudantes que fizeram o segundo dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2022 encontraram questões sobre a higienização de ambientes na pandemia e funcionamento de testes de Covid-19. O exame, que é o principal vestibular de universidades públicas e privadas do país, fez menção ainda a órgãos como Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária e OMS (Organização Mundial da Saúde) e abordou a prática do doping no esporte.
A aplicação da prova começou às 13h30 deste domingo (20). Os candidatos tiveram cinco horas para responder um total de 90 questões de Matemática e Ciências da Natureza. Na última semana, foram aplicadas as provas de Linguagens e Ciências Humanas, além da Redação. O número de inscritos foi de 3,4 milhões, o segundo menor patamar desde 2005. O gabarito oficial deve ser divulgado a partir da próxima quarta-feira (23).
“No Enem, é a primeira vez que está caindo questões sobre pandemia”, afirma Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação. Após não ter aparecido na edição passada, o tema foi abordado de forma explícita em ao menos duas questões na prova deste domingo.
“Foi surpreendente [ter questões sobre pandemia] nessa prova, a gente não esperava”, afirma o coordenador da área de Ciências da Natureza do Cursinho da Poli, Fábio Machado. Ele explica que a primeira pergunta sobre pandemia abordou a prática de higienizar espaços com ozônio. “O enunciado tratava de questões relacionadas com a higienização de ambientes e de objetos.”
Conforme o coordenador, a questão abordava como, em alguns casos a opção pelo tratamento não levava em conta os efeitos tóxicos do ozônio em relação à dosagem, o que pode ser danoso à saúde. Já a segunda questão abordou como funcionam os testes de PCR, considerados um dos mais precisos para detecção do vírus.
Além de abordar a pandemia de Covid, o segundo dia de provas contou ainda com itens que trataram da Anvisa e da OMS. Teve também uma questão sobre o hormônio eritropoetina, um tipo de doping sanguíneo usado no esporte. “Em 2019, teve uma questão que cobrava praticamente a mesma coisa”, relembra Machado.
Coordenador de Ensino e Inovações do SAS Plataforma de Educação, Vinicius Beltrão aponta que, embora tenha abordado temas relacionados à pandemia em muitas questões, “a prova trouxe muitas referências e textos de publicações antigas, datadas de 2009, 2012, 2013 e 2014. Tinham poucos textos retirados do recorte de 2020 para cá”, afirma.
Por outro lado, Beltrão ressalta o espaço dado para um tema específico: o esporte. “Foi um tema bastante amplo nas duas áreas do conhecimento”, afirma Beltrão. Segundo ele, além do doping, o exame teve também itens sobre pontuação, rotina de treinos e desempenho dos atletas.
A avaliação inicial do diretor do Cursinho da Poli, Giba Alvarez é positiva. “Foi uma prova muito bem feita e muito explicada, mas que o contexto exigiu bastante que o estudante conhecesse os assuntos disciplinares. Teve pouca interrelação entre Biologia, Física e Química”, afirma. “A maioria das questões foi de conhecimento específico, inclusive as de Matemática.”