A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), divulgou o resultado final da aplicação do Questionário de Suspensão em Hanseníase (QSH), adotado pelo Ministério da Saúde, para ampliar a detecção de casos da doença nos municípios brasileiros.
A aplicação do questionário em Manaus foi iniciada no mês de janeiro, após capacitação de Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), com visitas domiciliares em 12 bairros de Manaus: Colônia Antônio Aleixo, Jorge Teixeira, Cidade de Deus, Santa Etelvina, Novo Aleixo, Alvorada, Compensa, Petrópolis, Centro, Cachoeirinha, Praça 14 de Janeiro e Japiim. A ação foi direcionada para contatos familiares de pessoas diagnosticadas com hanseníase e nas comunidades do entorno dos domicílios com notificação de casos.
O trabalho, que foi finalizado no mês de julho, resultou em 3.275 questionários respondidos. Desse total, em 1.165 questionários foram identificadas pessoas com alterações na pele ou nervos, ou que eram contatos de pessoas acometidas pela hanseníase. Os casos suspeitos foram encaminhados para atendimento em unidades de saúde, resultando na avaliação de 577 pessoas. Após a avaliação médica, foram diagnosticados 15 novos casos da doença: 13 contatos intradomiciliares, quando o paciente reside na mesma casa que uma pessoa que já foi diagnosticada com hanseníase; e dois contatos sociais, com residência próxima a de pessoas diagnosticadas.
A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase, Ingrid Simone Alves dos Santos, explica que a aplicação do questionário e a investigação junto à comunidade envolveu 91 unidades de saúde. “Os domicílios que receberam a visita dos ACSs foram selecionados em bairros com maior registro de casos de hanseníase, identificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-Net)”, informa Ingrid Santos.
Segundo dados do Sinan-Net, a Semsa realizou, entre janeiro e 25 de agosto de 2022, 68.070 exames de pele, com a identificação total de 79 casos novos de hanseníase no município de Manaus, incluindo nove em menores de 15 anos.
Para ampliar o monitoramento dos contatos suscetíveis, a Semsa aderiu à estratégia do Ministério da Saúde de implantação do Teste Rápido em Hanseníase, que tem como diferencial a identificação de contatos que terão predisposição para desenvolver a doença.
De acordo com Ingrid Santos, Manaus foi um dos municípios brasileiros selecionados pelo Ministério da Saúde para a implantação do Teste Rápido em Hanseníase e foi realizada, em junho deste ano, uma capacitação direcionada para 21 profissionais da rede municipal de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de Enfermagem e de Dermatologia, para manuseio e validação do Teste Rápido.
Nesse processo de capacitação, foram agendados 34 contatos para que fossem avaliados pela equipe, com 30 contatos atendendo aos critérios de realização do teste. Desses 30, três apresentaram resultado reagente, o que significa que podem ter predisposição para desenvolver a hanseníase e por isso a Semsa irá monitorar e realizar avaliação anual desses pacientes por um período de cinco anos, visando detectar a doença de forma precoce e evitando sequelas irreversíveis.
“As estratégias adotadas pelo município têm mostrado êxito, fortalecendo e empoderando os serviços de saúde na manutenção das investigações de campo nos bairros de maior identificação de casos, priorizando o atendimento dos usuários conforme os fluxos estabelecidos pela Semsa, para a identificação de novos casos, tratamento e a quebra da cadeia de transmissão”, afirma Ingrid Santos.
Tratamento
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae) com diagnóstico essencialmente clínico e epidemiológico. A transmissão ocorre por contato íntimo e prolongado com pessoa doente, que está eliminando o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros. A doença tem cura e o tratamento dura de seis meses até 24 meses, e as medicações são distribuídas de forma gratuita e disponibilizadas para o paciente na unidade de saúde onde realiza acompanhamento. Após a primeira dose da medicação, o paciente deixa de transmitir a doença.
A contaminação da doença surge entre 2 e 7 anos e, na fase inicial, as lesões causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes em decorrência do acometimento dos ramos periféricos cutâneos, edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, entupimento e ressecamento do nariz, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor e/ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, e a diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados, principalmente, nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores. Desta forma, é importante a realização do exame de pele dos contatos (familiares ou sociais) dos pacientes registrados no Sinan-Net, que serão acompanhados nos serviços de saúde por um período de aproximadamente cinco anos.
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Texto – Eurivânia Galúcio /Semsa