Neste mês de abril, tivemos a oportunidade de nos abraçar com as causas indígenas, seus direitos violados e suas lutas constantes para atingir um lugar na sociedade onde sejam vistos como são: povos originários, com direito a ocupar um ecossistema, com cadeias produtivas de relevância e, acima de tudo, com reconhecimento de sua importância histórica e social.
O mês que marca a Luta Indígena pela Sobrevivência foi um período de muitas denúncias de barbáries praticadas contra esses povos. A mais recente delas é de uma atrocidade inimaginável.
Garimpeiros invadiram a comunidade Jarinal, na Terra Indígena Vale do Javari, no Oeste do Amazonas, e forçaram os indígenas a beberem água com etanol e, para culminar a selvageria, abusaram sexualmente de mulheres da aldeia. O fato já foi denunciado, mas até onde se sabe, a Funai não se manifestou.
Não é de hoje que garimpeiros estão cooptando jovens Yanomamis com cachaça e armas, causando guerra entre seu próprio povo e a destruição de um dos principais povos indígenas do país. É o garimpo procurando a riqueza ilícita às custas de almas Yanomamis, dizimando os guardiões da floresta com falsas promessas de enriquecimento. O garimpo destrói o meio ambiente, massacra povos indígenas e ninguém nada faz.
Até quando vamos permitir isso? Até quando vamos continuar cavando a sepultura dos povos indígenas, com ações degradantes, sem que o Poder Público faça a sua parte? Até quando teremos tramitando, em todas as esferas de poder, ações e projetos de lei contra os direitos dos povos indígenas?
Abril está chegando ao fim, mas as questões dos povos indígenas permanecerão, e não podemos ficar de braços cruzados.