Arthur Virgílio Neto
Na Terra Brasilis todo dia era dia de índio e tudo que por aqui existia lhe pertencia. E eles eram tantos e de tantas etnias, que foram classificados pelas línguas que falavam. Segundo dados oficiais, eram mais de 3 milhões de indígenas distribuídos em mais de mil povos diferentes. Grande parte vivia no litoral brasileiro e, aproximadamente, 1 milhão no interior do país.
Hoje, no Brasil colonizado e colonizador – de que outra maneira poderíamos definir a imposição da presença do “branco” na cultura, território e no extermínio dos povos indígenas? – são cerca de 897 mil indígenas, 305 etnias e 274 línguas. A maioria deles está concentrada nas regiões Norte (Amazonas, principalmente) e Nordeste (Bahia). Mas estão presentes em todas as outras regiões do país.
E é contra essa parcela tão importante da nossa população, os nossos povos originários, aqueles que marcam a nossa descendência e nossa história, com tudo o que vem nessa esteira de conhecimentos, que estão voltados todos os canhões. Tramitam em todas as esferas do poder, projetos, de curto e longo prazos, que interferem diretamente na vida dos povos originários, que alteram as regras para a demarcação das terras indígenas, na exploração de minérios nessas terras e outras atrocidades.
Desde o último dia 4, o movimento Acampamento Terra Livre 2022 está em Brasília, elevando sua voz e consolidando sua luta para derrubar essas intenções e ações. Eles ocupam Brasília, a capital do país, para lembrar que aqui ainda é Terra Brasilis. E nós estamos aqui, de mãos dadas com os nossos povos originários, para dizer que essa luta é de todos nós.
Sobre o autor
É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico e atual presidente do PSDB no Amazonas. Diplomata, foi por 20 anos, deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.