Projeto de criação de garoupa, peixe do mar, em território cearense vem chamando atenção de pesquisadores e aquicultores no estado e pode se tornar uma alternativa importante de renda para várias regiões no estado. A avaliação é do engenheiro de pesca Felipe Matias, que atua como cientista-chefe em projetos relativos ao desenvolvimento da aquicultura no Ceará.
“Em 2019 começamos a pensar alternativas para a produção de peixe cultivado no Ceará, que, por vários fatores, inclusive a prolongada estiagem, estava em declínio – caindo de quase 30 mil toneladas anuais para 6 mil toneladas/ano. Nosso desejo era apontar opções de produção e a garoupa vem se revelando potencialmente promissora”, observa Felipe Matias.
Segundo ele, o Projeto Garoupa Ceará começou efetivamente a funcionar em quatro meses com a importação de 150 peixes de 150 gramas do criatório Prime da Bahia. “Nesse intervalo observamos a mortalidade, a adaptabilidade da espécie e a conversão alimentar. Nenhum animal morreu, dobraram de peso e o tamanho comercial (para venda) pode acontecer nos próximos três ou quatro meses”, informa.
A experiência está sendo desenvolvida no município de Cascavel, na propriedade de Carlos Alberto Lemos, presidente da Associação Cearense de Aquicultura (Aceaq). “Até o momento estamos animados com os resultados, principalmente porque esse peixe tem um valor expressivo e de grande aceitação no mercado”. O quilo da garoupa varia de R$ 30,00 a 40,00; enquanto, na média, a tilápia é vendida a R$ 7,00.
Outro dado animador, segundo Felipe Matias, é que a garoupa está se mostrando resistente à criação em cativeiro e pode abrir espaço para inclusão de outras espécies marinhas, a exemplo, do mero, e poderiam futuramente até ser criadas no interior cearense. “Ainda são resultados preliminares, mas animadores. Estamos cumprindo a missão de oferecer alternativas aos produtores do Ceará”, pontua Felipe Matias.
“Nosso trabalho é atender o setor de pescados cearense, que tradicionalmente figura entre os maiores produtores e exportadores nacionais, mas não restringir esse mercado apenas à tilápia e ao camarão”, acrescenta Felipe Matias. “A intenção agora é trazer alevinos (mais novos) para uma avaliação ainda mais precisa de todo o ciclo de desenvolvimento da garoupa em condições de cultivo”.
“Também queremos produzir alevinos no Ceará, pois hoje os fornecedores de São Paulo já não atendem à demanda”, acrescenta Felipe Matias – que ocupou a função de secretário nacional da pesca. Ele destaca que os trabalhos que conduz têm participação das secretarias SDA, Sedet/Adece, Secitece/Funcap e Instituto Centec. “A Sedet está observando esse potencial e tende a ser um ator destacado nas próximas etapas do programa para aquicultura e pesca”, conclui.