O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira que o Brasil não deve reconhecer a independência das regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, na Ucrânia. Mourão também disse não acreditar numa guerra. Na segunda-feira, o presidente russo Vladimir Putin anunciou o reconhecimento da independência dessas áreas, onde separatistas pró-Moscou controlam boa parte do território desde 2014, aumentando o temor de uma invasão da Ucrânia pela Rússia.
Na semana passada, antes do anúncio de Putin, mas já em meio ao temor de uma invasão, o presidente Jair Bolsonaro visitou a Rússia. Na época, o governo russo ensaiou um recuo, o qual foi visto com descrédito pelos Estados Unidos e aliados. Mesmo assim, por mais de uma vez, Bolsonaro sugeriu que sua passagem pela Rússia tinha ajudado a distensionar o clima. Dias depois, porém, Putin fez um movimento inverso ao reconhecer a independência das regiões separatistas e indicar uma possível invasão. Durante a viagem, Bolsonaro também expressou solidariedade à Rússia.
Em rápida entrevista dada quando chegava ao Palácio do Planalto, Mourão foi questionado sobre a possibilidade o Brasil também reconhecer a independência das regiões separatistas.
“Acho difícil isso aí. Não é da nossa visão de relações internacionais, que a gente sempre advoga a soberania dos países. Essa questão de separatismo é algo complicado. Sempre achamos que, por exemplo, para haver uma separação dessa natureza, teria que haver um plebiscito, coisas assim, de modo que fosse manifestada por uma maioria étnica a vontade de se separar do país. Temos vários países. Por exemplo, a Espanha tem problemas lá. Não pode ser levada da forma como está sendo levada”, afirmou Mourão.
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Perguntado se o risco de um confronto militar é rela, ele respondeu:
“Não vejo uma predisposição das potências ocidentais de levar as coisas até a última consequência. Também julgo que a União Soviética, ela, obtendo essa questão da separação dessas províncias… União Soviética, Rússia, né, obtendo a separação dessas províncias, ela terá atingido seu objetivo estratégico”, disse Mourão, confundindo Rússia com União Soviética.
A União Soviética se desintegrou em 1991, e, no seu lugar, surgiram 15 países independentes, entre eles a Rússia e a Ucrânia. A Rússia era o principal integrante do antigo país.