Os riscos de uma gravidez na adolescência, tanto para a mãe quanto para o bebê, foram discutidos entre os profissionais do Hospital Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, ao longo do mês de fevereiro. A capacitação realizada pela equipe do Serviço Social e Psicologia da unidade reforçou o cuidado e a atenção que os profissionais de saúde devem ter no atendimento a essas mulheres, que nesta fase da vida, não estão completamente preparadas fisicamente e psicologicamente para uma gestação.
A iniciativa da unidade integra a campanha nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída na lei 13.798/2019, e que prevê orientações sobre as medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez nesta fase da vida. Neste mês, a unidade trabalhou, ainda, com ações externas, em escolas públicas e particulares de Icoaraci.
Treinamentos – “As informações disseminadas durante o treinamento relacionadas aos direitos, ao sigilo, à privacidade e às medidas protetivas à mãe e ao bebê; o acolhimento à essas mulheres no momento do parto e puerpério, tiveram o intuito de melhorar ainda mais o atendimento a esse público. Com o treinamento desses profissionais, estamos proporcionando uma assistência de qualidade e comprometida, o que é o nosso maior objetivo”, afirmou.
O debate ainda apontou sobre as principais complicações maternas e neonatais, que vão desde a prematuridade do parto, anemia, aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, eclampsia, má formação fetal, depressão pós-parto, entre outros.
Para a técnica de enfermagem do HRAS Adriele Oliveira, que trabalha no complexo obstétrico, o treinamento vai agregar bastante na sua rotina, devido esse tipo de diálogo abordar a questão do atendimento e acolhimento a essas pacientes. “Esse momento reforçou como recepcionar e ajudar essas meninas, afinal esse é o nosso papel, que é dar suporte”, destacou.
Quem também compartilhou da mesma opinião, foi a técnica de enfermagem do complexo obstétrico Rosilene Nery. “É um aprendizado a mais, para nós escolhermos ainda melhor. Gostei muito, esse tema mexe bastante comigo, porque me faz lembrar do tempo que eu realizava orientações em uma escola sobre esse assunto”, comentou.
Incidência – Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO), a taxa é de 68,4 nascimentos para cada mil adolescentes entre 15 e 19 anos. Isso representa quase 50% a mais do que a média mundial, estimada em 46. No Regional Abelardo Santos, que atualmente é a segunda maior maternidade do Estado, em média, 36 mulheres com menos de 18 anos dão à luz na unidade por mês, isso representa 12% dos partos feitos na unidade em 30 dias. Em 2021, esse número totalizou 433 entre cesáreas e a concepção natural.
“Temos números que apontam a importância de debatermos esse tema constantemente, por este motivo realizamos ações dentro e fora da unidade, levando informação às escolas da região e capacitando a nossa equipe para cada vez mais, especializar a nossa assistência. Foi essa a forma de contribuir para uma sociedade mais esclarecida”, observou o diretor executivo do Abelardo Santos, Marcos Silveira.
Dados – No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de uma mãe com idade entre 10 e 19 anos. Os números começaram a declinar na década de 2000, mas a situação ainda é preocupante: estima-se que mais de 400 mil adolescentes se tornam mães por ano no País, segundo o Ministério da Saúde. Isso significa que cerca de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes.
O Hospital Abelardo Santos é a maior unidade pública do Governo do Estado. A instituição é administrada pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
*Texto de Roberta Paraense (Ascom / HRAS)