Aemia, fadiga, dores nos ossos e nas articulações, palidez e manchas roxas na pele. Esses são somente alguns dos sintomas comuns em pacientes diagnosticados com leucemia. Conhecida como o câncer das células brancas do sangue, a doença começa na medula óssea, podendo se espalhar nos gânglios linfáticos, fígado, dentre outros órgãos. Compreender os tratamentos disponíveis colabora para o entendimento da doença e a busca pela cura.
O Hospital Ophir Loyola (HOL) é a principal referência no tratamento de doenças hematológicas malignas no Estado, e destaca a importância de informar sobre os sintomas, diagnósticos e, principalmente, mostrar a relevância da mobilização social para que novos voluntários integrem o cadastro de doadores de medula óssea. Além disso, difundir informações sobre um dos tipos de cânceres mais comuns, auxilia no apoio à causa e contribuem para conscientização sobre outra demanda, a viabilização de transplantes.
As causas da leucemia ainda são desconhecidas e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a associação de alguns fatores pode elevar o risco para a doença, como tabagismo, exposição ao benzeno, histórico familiar e exposição a agrotóxicos. Contudo, qualquer pessoa pode desenvolver a doença. “Existem fatores de risco, mas é importante que as pessoas saibam que qualquer um pode ter leucemia. Em qualquer pessoa, jovem ou idosa, a doença pode surgir. Então, caso não se sinta bem, procure um médico e, se o exame de sangue vier alterado, um hematologista precisa ser procurado”, alerta o oncohematologista do HOL, Thiago Xavier Carneiro.
O tratamento da leucemia pode ser complexo e depende do tipo apresentado pelo organismo. No entanto, a medicina conta com inúmeros recursos que podem ajudar na recuperação. Hoje a leucemia tem mais tratamentos e medicamentos muito mais eficazes. Quanto mais rápido se diagnosticar, maior a chance de cura.
Dr. Thiago Xavier Carneiro, oncohematologista do HOL“Existe uma quantidade enorme de leucemias e cabe ao hematologista estabelecer qual o melhor caminho a ser seguido. Algumas leucemias são graves e precisam de quimioterapia ou transplante de medula. Em contrapartida, temos outros tipos mais simples, em que o paciente só precisa tomar um comprimido, tratando como se fosse uma diabetes ou pressão alta. São muito mais simples”, explica o especialista.
Nos últimos três anos, 20.455 pessoas foram ou seguem sendo tratadas no hospital. Desse total, 824 casos de leucemia. O macapaense Eleson Pacheco, 23 anos, é um dos assistidos na instituição. “No ano passado, eu passei dias ruins, com dores no joelho, náuseas e vômito. Procurei um médico, fiz uns exames e descobri que eu estava com as plaquetas muito baixas. O doutor pediu mais exames e fui diagnosticado com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). Em julho do ano passado fui internado no Ophir e permaneci até o fim de agosto. Minha última recaída foi dia 24 de dezembro. Desde então eu estou aqui”, relata Pacheco.
O início deste tipo de câncer não possui manifestações muito fáceis de serem notadas. O paciente pode ficar mais cansado, ter muitas infecções, sangramentos. Mas só exames de rotina para iniciar a investigação. No caso de Elson, um transplante de medula representa muito mais que solidariedade, é a certeza de uma nova vida. O jovem ainda não possui doador de medula óssea, mas a mãe e o irmão já realizaram o exame de compatibilidade e aguardam ansiosos o resultado, que deve sair em até 20 dias. “A gente tem que encarar essa luta, não importa as dificuldades. Estamos aguardando a resposta do exame para realizar o transplante”, pondera Pacheco esperançoso.
Paciente Eleson PachecoDefinidos o tipo, o risco e o melhor tratamento a ser adotado para destruir as células cancerígenas, o próximo passo é não perder tempo e batalhar para que a medula óssea volte a produzir células normais. A complexidade do tratamento varia de caso para caso. “O Hospital Ophir Loyola é o maior centro de tratamento de leucemia no estado do Pará e um dos maiores do Norte e Nordeste. Oferecemos tratamentos específicos para todos os tipos de leucemia, temos um staff preparado e um conjunto de exames específicos para um diagnóstico assertivo. Realizamos tratamento tanto ambulatorial quanto de internados”, ressalta Carneiro.
De acordo com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), o Brasil possui mais de cinco milhões de cadastros ativos e figura em terceiro lugar no ranking mundial. O Pará é o maior estado do Norte em números de cadastros. São mais de 120 mil doadores. Do montante nacional, as mulheres são as que mais registram desejo de doar. Elas representam quase 60% das doações.
Para ser doador de medula óssea é preciso ter entre 18 e 35 anos e ter boas condições de saúde. O voluntário permanece no cadastro até completar 60 anos. No estado, o exame de compatibilidade é feito na Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa). Os dados do doador ficam armazenados e, quando encontrado o receptor compatível, o voluntário é convocado. “Em um transplante de rim ou de córnea, a espera pode durar anos, mas o de medula pede imediatismo. São urgências de verdade”, explica Carneiro.
Transplante – Referência na Região Norte do Brasil no que tange a realização de transplantes e a captação de múltiplos órgãos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Ophir Loyola avança em mais uma especialidade. O serviço de oncohematologia, em cooperação técnica com o Hemopa, deve realizar em breve os primeiros transplantes de medula óssea na Casa de Saúde, que terá como responsável técnico da unidade de transplante que está sendo montada, o oncohematologista Thiago Xavier Carneiro que tem formação específica para a realização do procedimento.
Anualmente, são realizados cerca de 4 mil transplantes de células-tronco no Brasil. Mesmo diante da realidade pandêmica, o HOL segue determinado a aumentar esse quantitativo. “A diretoria organizou uma comissão com uma equipe técnica especializada para acompanhar todo o processo de credenciamento junto à Central Estadual de Transplantes. A análise perpassa pela avaliação de documentos, dados e até mesmo os fluxos dos pacientes que serão atendidos”, explica a diretora-geral do HOL, Ivete Vaz.
Dos principais tipos de transplante de medula existentes, o HOL realizará o autólogo. Nesse método, após quimioterapia e radioterapia, as próprias células-tronco hematopoiéticas do indivíduo são coletadas, congeladas e devolvidas na medula no dia do transplante, por meio de aférese. Por ser um transplante realizado com as células do próprio paciente, o risco de rejeição é muito menor.
“Já providenciamos a medicação necessária e o processo já está em fase de entrega. A expectativa é que em 60 dias o Hospital seja credenciado junto ao Ministério da Saúde e, posteriormente, autorizado por meio da Central Estadual de Transplantes a realizar o procedimento. Enquanto aguardamos a liberação, antecipamos a capacitação de todos os profissionais envolvidos e finalizamos a reforma das enfermarias do setor de Hematologia, que já estão prontas para receber nossos pacientes”, celebra a gestora.
Texto: Ellyson Ramos – Ascom/ Ophir Loyola