Após a debandada na Receita Federal, servidores de outras categorias prometem união para cobrar o Palácio do Planalto sobre o reajuste salarial dos funcionários públicos em 2022. Na próxima quarta-feira (29), a Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) deve realizar uma assembleia para definir como será a mobilização.
Os funcionários pedem reajuste em seus vencimentos após promessas do presidente Jair Bolsonaro. Nas últimas semanas, após a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso, Bolsonaro prometeu um aumento “nem que seja de 1%”. Entretanto, o Ministério da Economia negou estudos para reajuste e liberou o espaço orçamentário para o Auxílio Brasil, novo programa social do governo federal.
“Essa crise veio em um momento ruim, com muitos servidores em recesso fora de Brasília. Está difícil articular e encontrar as pessoas. Mas temos uma reunião hoje com as chefias de vários órgãos para medir o grau de insatisfação”, disse Rudinei Marques, presidente da Fonacate.
“Vamos construir esse entendimento nos próximos dias. Não há mesa de negociação instalada, ainda vamos ter que trabalhar para abrir esse canal de comunicação com o governo. Em governos anteriores apresentávamos demandas e recebíamos sim ou não. Agora nem isso”, completou.
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Após a polêmica, Jair Bolsonaro tratou de colocar panos quentes e cobrar do ministro Paulo Guedes o investimento de R$ 2,8 bilhões para aumento salarial de policiais federais, rodoviários e agentes penitenciários. O pedido de liberação da verba ao Congresso Nacional foi mal vista por outros servidores, principalmente por membros da Receita Federal.
Desde a última semana, mais de 600 diretores e chefes do Fisco entregaram seus cargos após o anúncio de reajuste aos policiais. Eles justificaram que o aumento salarial só foi possível depois de um corte de R$ 675 milhões no orçamento da Receita em 2022. Eles ainda questionam a falta de regulamentação do bônus por produtividade.
Em meio à crise com servidores, Bolsonaro afirmou não tem a intenção de prejudicar ninguém e voltou a culpar o teto de gastos pela impossibilidade de reajustar salário.
“A gente não quer furar teto, fazer nenhuma estripulia, mas não custava nada atendê-los. Ninguém pode prometer nada se não está no Orçamento. Realmente, o servidor está com dificuldade”, disse, na última sexta-feira (24).